janeiro 26, 2009

Ilumina o céu nocturno, o céu limpo.
Altera o meu ritmo, rodeia-me e persegue-me.
Exibe sempre a mesma face, a mesma expressão.
Pronuncia-se e sorri conforme o humor.
Inquieta-me nessa luz emprestada e rouba-me a segurança da sombra.
Desprotegida provoca, atrai... Inventa marés.
Uma face oculta brilha sem ser olhada.
Vou repousar nesse mar de tranquilidade... Cabeça na lua e molhar os pés.

adc

janeiro 19, 2009

Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.
Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria... Ah, com que esmola a aquecerei?...


Fernando Pessoa

janeiro 08, 2009

Vidro, areia, água, pedra, papel...
Desenho em vidro embaciado
Piso areia molhada
Gravo na água condensada
Ilustro a espera!
Inteiro ou rasgado
Qualquer papel
A lápis de cor, já gasto
Lápis derretido de cera
Pingam gotas do pincel
Provoca, agita, respira
Giz risca a pedra de ardósia
Apaga o negro do fundo
Marco presença a têmpera, guache e aguarela
Rasgo de cor olhares do Mundo
A vida é bela!

adc